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Para citar:

OKADA, A. e RODRIGUES, E. A Educação Aberta com Ciência Aberta e Escolarização aberta para a Pesquisa e Inovação Responsáveis. In: Educação Fora da Caixa: tendências internacionais e perspectivas sobre a inovação na educação. (Org.) TEXEIRA, C. S. e SOUZA, M. V. (v. 4). São Paulo: Blucher, 2018. 41-54

RRI - 3. Projetos

O RRI "Responsible Research and Innovation" cuja tradução no português é Pesquisa e Inovação Responsáveis" - visa tornar a ciência mais atrativa, interessante e útil para a sociedade.  Através de maior participação nos processos de inovação,  a abordagem RRI abre novas oportunidades de pesquisa e inovação.

O RRI visa a criação de uma política de Pesquisa e Inovação, orientada pelas necessidades da sociedade e envolvendo todos os atores sociais (pesquisadores, cidadãos, decisores políticos, empresas, organizações do terceiro setor, etc.) através de abordagens participativas e inclusivas. O RRI  é uma abordagem que antecipa e avalia possíveis implicações e expectativas societais em relação à pesquisa e inovação, com o objetivo de promover o planejamento de uma pesquisa e inovação inclusiva e sustentável (Comissão Europeia Horizon2020, 2014)

 

No decorrer do programa da Comissão Europeia FP7 e Horizon2020 , foram publicadas várias referências sobre RRI e também muitos projetos foram financiados.

 

O primeiro edital na área de educação teve como objetivo ampliar a conscientização do conceito de RRI através da aprendizagem baseada em pesquisa foi lançado em 2013 no último ano do programa FP7 SIS. , foram financiados 5 projetos implementados:

  • Na área de Ensino Secundário surgiram quatro projetos: ENGAGE, Irresistible, PaRRIse, Ark of Inquiry.

  • E o quinto projeto financiado foi na área mais ampla de pesquisa Europeia(ERA - European Research Area) para promover o conhecimento e a adoção de práticas de ciência aberta: FOSTER.

Para apoiar a comunidade científica com RRI foram financiados diversos projetos dentre eles: RRI tools, Great, Progress, resAgora and Responsibility.

Em seguida, no programa Horizon 2020 foram contemplados mais outros projetos sendo implementados no período de 2015 a 2020. No ensino superior surgiram: HEIRRI e ENRRICH, na área de Ensino Secundário: Perform e Open Schools for Open Societies; e na área científica: FOSTERPlus, FIT4RRI e New HORRIZON.

Algumas publicações-chave da Comissão Europeia:

● Science Education for Citizenship

● Lab Fab App: investindo no futuro desejável.

 

Os editais de novos projetos de pesquisa incentivam iniciativas que buscam objetivos claros de acordo com o programa e que permitem avanço do RRI. Para isso, torna-se necessário desenvolver critérios quantitativos e / ou indicadores qualitativos para avaliar o impacto social e ético da pesquisa, além disso, integrar os próprios princípios de RRI na avaliação do projeto para o programa Horizon 2020.

O projeto FOSTER desenvolveu uma taxonomia de Ciência Aberta para, por um lado, descrever e mapear o amplo campo conceptual da ciência aberta e, por outro lado, facilitar a categorização dos recursos de educação e treinamento que o projeto recolhe no seu Portal.

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Figura 1 - A taxonomia de ciência aberta do projeto FOSTER, contendo 9 conceitos de primeiro nível, e algumas dezenas de conceitos de segundo e terceiros níveis.

Para além da taxonomia de ciência aberta, o FOSTER também vem a acolher taxonomias de outras áreas relacionadas e desenvolvidas no contexto de outros projetos, com a participação da Universidade do Minho e/ou da Open University, como a taxonomia de Text and Data Mining (Fig.2) do projeto OpenMinted (http://openminted.eu/) e a taxonomia de Responsible Research and Innovation (Fig. 3) do projeto FIT4RRI (https://fit4rri.eu/).​

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Figura 2 - Taxonomia de mineração de texto e dados do projeto OpenMinted

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Figura 3 - Taxonomia de pesquisa e inovação responsáveis do projeto FIT4RRI.

O projeto europeu ENGAGE desenvolveu um modelo de habilidades-chave de investigação para Pesquisa e Inovação Responsáveis com base em quatro dimensões com o propósito de preparar estudantes para cidadania responsável e carreira profissional para futuro sustentável: (OKADA et al., 2016a).

1.    Impacto tecnológico: o desenvolvimento tecnológico é a base para um futuro melhor, mas para isto, deve ser planejados cuidadosamente para maximizar os benefícios e reduzir riscos.

2.    Ciência Emergente: a ciência não é um processo individual, mas sim um empreendimento complexo e colaborativo realizado em parcerias. O desenvolvimento da ciência ocorre através de financiamentos oferecidos por grandes corporações e politicamente determinados. Para um mundo sustentável e próspero, a pesquisa científica deve estar alinhada com as necessidades da sociedade de acordo com seus valores sociais, ambientais e econômicos.

3.    Pensamento de valores: a tecnologia e ciência emergentes exigem um pensamento sócio ético científico para lidar com questões e resultados incertos e não esperados. O processo de tomada de decisão deve ocorrer de acordo com os valores, visão e opiniões informadas de todos os distintos membros da sociedade

4.    Ciência na mídia: grande parte da informação científica é interpretada pela mídia que por sua vez oferece visão desequilibrada, tendenciosa e sensacionalista. As fontes de informações precisam ser avaliadas em termos de sua finalidade, confiabilidade científica, atualização e ocorrência.

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Figura4  - Habilidades de Investigação para RRI do Projeto ENGAGE

Com base nestas quatro dimensões foram estabelecidas dez habilidades para investigação visando a Pesquisa e Inovação Responsáveis (Okada, 2016a):

  1. Elaborar perguntas: definir questões científicas com clareza para investigar fatores, causa, ou correlações.

  2. Interrogar fontes:questionar diferentes fontes pesquisadas e avaliar sua validade e veracidade.

  3. Analisar consequências: avaliar o mérito de uma solução perante os problemas do mundo real, refletindo sobre as implicações econômicas, sociais e ambientais.

  4. Estimar riscos: medir os riscos e benefícios avaliando o impacto para a sociedade.

  5. Analisar dados: interpretar dados de diversos formatos e com variedade de metodologias para identificar padrões e tendências e assim fazer inferências e extrair conclusões.

  6. Tirar conclusões: determinar se afirmações na pesquisa são suportadas suficientemente por dados.

  7. Criticar afirmações: examinar a consistência e coerência da evidência ou seja, qualidade, precisão e suficiência para apoiar ou refutar as afirmações.

  8. Justificar opiniões: sintetizar o conhecimento científico, implicações e valores de perspectivas para formar uma opinião suportada por evidência e raciocínio científico indicando valores apoiados no pensamento.

  9. Usar ética: compreender questões relacionadas com juízo de valor utilizando métodos para apoiar o pensamento ético para tomada de decisão, por exemplo, utilitarismo, direitos e deveres e virtudes.

  10. Comunicar ideias: apresentar ideias claras seja através da narrativa escrita, verbal, midiática visual e oral com diversos formatos utilizando características ou padrões científicos

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