Para citar:
OKADA, A. e RODRIGUES, E. A Educação Aberta com Ciência Aberta e Escolarização aberta para a Pesquisa e Inovação Responsáveis. In: Educação Fora da Caixa: tendências internacionais e perspectivas sobre a inovação na educação. (Org.) TEXEIRA, C. S. e SOUZA, M. V. (v. 4). São Paulo: Blucher, 2018. 41-54
RRI: 2. origem
No fim do século XX, a União Europeia criou o chamado Grupo Europeu sobre Ética em Ciências e Novas Tecnologias -EGE- para promover maior conscientização dos aspectos éticos nas políticas de promoção tecnológica. O EGE foi uma iniciativa pioneira que permitiu tornar visível, na agenda da comunidade, a dimensão ética do desenvolvimento científico.
Em 2001, a Comissão Europeia lançou o plano de ação “Ciência e Sociedade" com a intenção genérica de aproximar a comunidade científica com a sociedade aprendente (Assmann, 1999) e, assim, estabelecer algumas pontes de diálogo entre ambas as esferas. No mesmo ano de 2001, Larry Lessig fundou a licença aberta Creative Commons. Em 2002 e o Massachusetts Institute of Technology - MIT iniciou a rede OpenCourseWare, e o termo Recursos Educacionais Abertos (REA) foi criado durante um evento organizado pela UNESCO em 2002.
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O plano de ação da Comissão Europeia transformou-se no programa de desenvolvimento científico e tecnologia denominado "Ciência na Sociedade", no inglês Science in Society – SiS, como parte do FP7. O objetivo central foi o de ampliar e aprofundar o diálogo entre a comunidade científica e a sociedade civil com várias ações através de engajamento público, fóruns de diálogo e objetivos compartilhados de modo bidirecional entre cientistas e cidadãos.
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Desde 2010, um dos resultados de destaque do grupo SIS foi apresentação do termo “Pesquisa e Inovação Responsáveis” como um caminho para conciliar as aspirações dos cidadãos com as ambições dos agentes da pesquisa e inovação (Von Schomberg (2013; Owen et. al , 2013). Ou seja, através do RRI os agentes e representantes sociais trabalham juntos durante todo o processo de pesquisa e inovação, a fim de melhor alinhar o processo e seus resultados com os valores, necessidades e expectativas da sociedade.
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Segundo Sutcliffe (2011) e Stilgoe et al. (2013), os debates atuais sobre RRI sugerem a inclusão de vários fatores em conformidade com os valores sociais, a fim de maximizar os benefícios e reduzir riscos e incertezas com o propósito de :
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maior alcance de um benefício social ou ambiental;
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envolvimento coerente e contínuo da sociedade, do começo ao fim do processo;
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inclusão de grupos públicos e não governamentais, que estão conscientes do bem público;
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antecipação os impactos sociais, éticos e ambientais, riscos e oportunidades;
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gestão dos problemas e oportunidades com adaptação e resposta rápida às mudanças;
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abertura e a transparência no processo de pesquisa e inovação.
No ano de 2014, no programa Horizon 2020, destacou-se mais fortemente o programa “Ciência com e para a sociedade” (SwafS) como sucessor do programa SIS sinalizando uma mudança de orientação para um maior ligação e envolvimento da sociedade com a investigação.
O objetivo do SwafS é desenvolver formas inovadoras de conectar a ciência com a sociedade para que a população possa superar os desafios sociais, tais como desenvolver habilidades de investigação para acompanhar, compreender e apropriar-se das inovações científicas, buscar e produzir conhecimento, discernir fontes confiáveis das falsas e tomar decisões com base em evidências. Torna-se um grande desafio nesta década propiciar a ciência mais atrativa (nomeadamente para os jovens), aumentar o interesse da sociedade pela inovação e abrir novas atividades de pesquisa e inovação, conforme destacado pela Comissão Europeia.
“Há momentos em que a ciência parece perder a conexão com a sociedade e suas necessidades, e às vezes seus objetivos não são totalmente compreendidos, mesmo que sejam bem intencionados. A falta de uma linguagem comum e o rápido progresso em muitas áreas de pesquisa aumentaram a preocupação do público ou contribuíram para a ambivalência sobre o papel que a ciência e a tecnologia desempenham na vida cotidiana. Mas a ciência não pode trabalhar isoladamente, e os avanços na ciência e na tecnologia não são um objetivo por direito próprio.” (Comissão Europeia, 2013)
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O programa "Ciência com e para a sociedade" é fundamental para abordar os desafios do mundo global incluindo da sociedade Europeia apresentados pelo Horizonte 2020, criando capacidades e desenvolvendo formas inovadoras de conectar a ciência bem próxima da sociedade. Este programa consolidou a abordagem RRI através de vários projetos.